PÁSCOA: a passagem!

Por: Jean Yves Le Loup

Sede passantes. Este tema da passagem é o tema da Páscoa. “Pessah” em hebraico, quer dizer passagem.
A passagem, no rio, de uma margem à outra margem, a passagem de um pensamento a outro pensamento, a passagem de um estado de consciência a outro estado de consciência.
A passagem de um modo de vida a um outro modo de vida.

Somos passageiros.

A vida é uma ponte e, como diziam os antigos, não se constrói sua casa sobre uma ponte.

Temos que manter, ao mesmo tempo, as duas margens do rio, a matéria e o espírito, o céu e a terra, o masculino e o feminino e fazer a ponte entre estas nossas diferentes partes, sabendo que estamos de passagem.

É importante lembrar-se do carácter passageiro da nossa existência, da impermanência de todas as coisas, pois o sofrimento surge, geralmente, de querermos fazer durar o que não foi feito para durar.

A grande páscoa é a passagem desta vida mortal para a vida eterna, é a abertura do coração humano ao coração divino.

É a passagem da escravidão para a liberdade, passagem que é simbolizada pela migração dos hebreus, do Egito para a terra prometida.

Mas não é preciso temer o Mar Vermelho. O mar de nossas memórias, de nossos medos, de nossas reações as nossas emoções.

Temos que atravessar todas estas ondas, todas estas tempestades, para tocar a terra da liberdade, o espaço da liberdade que existe dentro de nós.
Sede passantes.

Creio que esta palavra é verdadeiramente um convite para continuarmos nosso caminho a partir do lugar onde, algumas vezes, paramos.

Observemos o que pára a vida em nós, o que impede o amor e o perdão, onde se localiza o medo dentro de nós.

É por lá que é preciso passar, é lá o nosso Mar Vermelho.

Mas, ao mesmo tempo, não esqueçamos a luz,
não esqueçamos a liberdade, a terra que nos foi prometida.
Sede passantes!

Quando compreendermos, de vez, que só o Amor é capaz de dar sentido às nossas vidas, viveremos plenos e leves, e, como consequência, nos tornaremos inteiros, usufruindo de uma vida real, caminhando em direção para o que realmente importa, desfrutando assim da verdadeira felicidade que se encontra presente dentro de nós.